Wednesday, June 06, 2007

O Dia D

Divisões aeroterrestres (pára-quedistas) e de infantaria, dos exércitos da Segunda Guerra Mundial eram compostas de

Grupos de combate (geralmente de nove a doze homens);
Três grupos de combate formando um pelotão;
Três ou quatro pelotões, formando uma companhia;
Três ou quatro companhias, formando um batalhão;
Três ou quatro batalhões formando um regimento;
Três ou quatro regimentos formando uma divisão;
Acrescidos de engenheiros, artilharia, serviços médicos e pessoal de apoio.

As divisões de infantaria norte-americans, britânicas e canadenses tinham o efetivo de 15.000 a 20.000 homens no Dia D.
As divisões aeroterrestres aliadas tinham cerca da metade desse efetivo.
A maioria das divisões alemãs tinha menos de 10.000 homens.


É assim que começa o livro "O Dia D", do escritor norte americano Stephen E. Ambrose.

Há exatos 63 anos, em 6 de Junho de 1944, a maior operação militar realizada em toda a história acontecia nos mares da Europa: O desembarque de milhares de homens, armas e equipamentos sob pesada artilharia alemã nas praias da Normandia.

A investida era composta por 175.000 combatentes - a maioria jovens entre 18 e 20 anos - 50.000 veículos, 5.300 navios de tipos variados e cerca de 11.000 aviões. Durou um dia e uma noite.

No lado dos Aliados, estavam o presidente Roosevelt, o primeiro ministro britânico Winston Churchill e o general Eisenhower, no comando da "Operação Overlord", cujo objetivo era atacar Hitler com toda a força e efetivo existentes de uma só vez, retomando regiões ao norte da França.

Do outro lado estavam Hitler e o Marechal-de-Campo Erwin Rommel. A esta altura da guerra, a Alemanha havia conquistado mais território do que podia defender, o cerco se apertava (os russos em Estalingrado e Kursk) e Hittler já estava surtando. Tinha obsessão por bombardear a Inglaterra e enviava ordens inusitadas à seus generais, que tinham que improvisar para conseguir atendê-las. À Rommel coube a tarefa de tentar descobrir onde e quando a invasão aliada aconteceria, ele apenas sabia que o ataque era iminente. Para se precaver, construiu bunkers e canhões ao longo de toda a costa francesa e encheu as praias de minas e barreiras para dificultar o desembarque.

A operação levou 3 anos para ser preparada. Os detalhes eram ultra-secretos, e apenas poucas pessoas do alto escalão político-militar sabiam de todos os detalhes. Os soldados foram treinados durante várias semanas sem saber para onde seriam enviados ou quando tudo ia acontecer. Tropas americanas, britânicas e canadenses e um número extraordinário de veículos e armamentos foram reunidos na Inglaterra. As praias onde o desembarque ocorreria receberam os codinomes como Omaha e Utah, Gold Juno e Sword, para evitar que as verdadeiras locações fossem reveladas.

Os primeiros à chegar foram os pára-quedistas. Seu objetivo era saltar atrás das linhas inimigas e atingir alvos estratégicos, tais como pontes, trilhos de trem e instalações elétricas, e também localizar os bunkers de artilharia para que os destróiers aliados pudessem fazer o seu serviço. Aviões C-47 e planadores carregando tropas e Jeeps entraram no espaço aéreo inimigo horas antes do Dia D e foram recebidos pelo chumbo grosso dos "flak" alemães. A artilharia atrapalhou os planos de salto e muitos pára-quedistas saltaram fora da zona determinada. Muitos morreram antes de conseguir saltar, e muitos outros morreram afogados ao aterrizar em campos alagados ou por fogo inimigo. Os que conseguiam chegar ao solo com vida tentavam a todo custo se localizar e reagrupar-se com seu pelotão. Caos total. Apesar da confusão, a campanha dos pára-quedistas foi bem sucedida.

Horas depois iniciou-se o desembarque das tropas. Diversos veículos foram projetados e produzidos específicamente para o Dia D, tais como o famoso LCVP (barco feito para o desembarque das tropas do navio até a praia, capaz de carregar 36 soldados), diversos tipos de tanques, tratores, motos e veículos anfíbios. Muitos afundaram antes mesmo de chegar à praia. Hora por causa da artilharia, hora pela imperícia dos navegadores e pelo mar revolto.

Para desembarcar a artilharia auto-propulsada, era necessário antes ganhar a praia. A unica maneira era desembarcar à pé. A vantagem do terreno e a força da artilharia causaram inúmeras baixas. A batalha mais sangrenta ocorreu na praia de Omaha, com cerca de 2.400 baixas. Pelotões inteiros foram dizimados. Quando os comandantes cogitaram recuar, soldados conseguiram se reunir em pequenos grupos e tomar a praia.

O Dia D provavelmente foi o começo do fim da guerra. Mas antes de serem postos em prática, os planos foram severamente questionados. Muitos achavam que Hitler, cercado e com os estoques de combustível se esgotando, não conseguiria manter suas posições fortificadas por muito mais tempo, sendo apenas uma questão de tempo. Essa opinião é mantida até hoje por muitos historiadores. Seja como for, a Overlord atingiu seu objetivo, ao custo de cerca de 10.000 vidas.

Bom, isso é só o resumo do resumo. O livro de Ambrose relata em mais de 700 páginas o planejamento, o treinamento dos soldados e e os combates travados por cada divisão. Ambrose mistura muito bem os fatos históricos e os relatos dos veteranos na narrativa. Recomendo à todos que gostam de ler sobre a segunda guerra.

Costuma-se dizer que "a história é escrita pelos vencedores". É verdade.

4 comments:

Unknown said...

Honra e bravura. A guerra é terrível, mas algumas são inevitáveis. Estes que lutaram no dia D são heróis (como disses, a história é contada pelos vencedores). Hoje continuam-se as guerras, mas os motivos não são "nobres" ou "justificáveis, se é que qualquer um deles é em uma guerra.

Me parece ser um livro muito bom para se ler, assim como gostaria de conhecer e ler como foi que os Russos expulsaram os Nazistas de São Peterburgo (?).

Gosto de ler sobre a 1a grande guerra, dos motivos principalmente. Não me ligo nas estratégias, mas nas ocorrências em si.

Outra coisa, lembro de ir no museu do expedicionáio em Curitiba, não tem como tu sentires um orgulho muito forte em ver o que tem por lá.

Deu vontade de ler este livro, valeu pelo post!

EPx said...

Vencedores escrevem, perdedores apenas comentam :)

h4x0r3d by #d00dz team the l0s3r gr0up >ó_,

Marciom said...

Ruda,

Primeira e segunda guerra são assuntos que me interessam. Se você quer ler sobre a ação dos russos na Segunda Guerra, recomendo Estalingrado, do Antony Beevor. São Petesburgo é a antiga Leningrado, se não me engana uma das primeiras cidades que os russos perderam para os alemães.

Também concordo contigo quanto aos motivos nobres. Atualmente parece que existem apenas desculpas e interesses financeiros.

Ivan Lopes said...

O dia D, nao eh o marco do fim da segunda guerra, mas sim o 'inicio' da disputa captalismo x socialismo.

claro que nao eh o inicio, mas eh contundente com oque viria ...

Como o colega sugeriu, leia sobre
a investida russa, garanto que ficarah impressionado.

OBS: nao sou comunista .. tb gosto de historia
:)
Ivan carlos